A mediunidade é uma aptidão, uma faculdade do espírito inerente à espécie humana. Então, todas as pessoas podem apresentar em algum momento de suas vidas um ou mais tipos de mediunidade.
Além disso, a mediunidade sempre esteve presente em nossa história, em todas as eras e em todas as religiões. E até mesmo os indivíduos que dizem não acreditar em nada, muitas vezes são médiuns. A mediunidade não está ligada a determinada fé ou crença, mas manifesta-se nas pessoas indiscriminadamente.
No entanto, foi com o surgimento do Espiritismo, cujas orientações dos espíritos comprometidos com o progresso humano Allan Kardec organizou, que o conceito de mediunidade ficou mais claro. Kardec utilizou a palavra “médium” que quer dizer, meio, ou seja, o intermediário através do qual os espíritos podem manifestar-se em nosso mundo material, fazerem-se presentes, serem ouvidos.
Essa aptidão de perceber o que existe além dos cinco sentidos, além do plano físico, essa percepção extra-sensorial que nos coloca em contato com o que existe além dos limites do que é tangível aos cinco sentidos, passou a ser conhecida e conceituada como mediunidade.
E se fosse você?
Imaginemos um ente querido nosso, que acabou de passar para o mundo espiritual. Ele desperta; dependendo de seu estado espiritual, começa a compreender o que se passou consigo. Então, depois de conseguir se acalmar e se situar na nova vida que começa, ele sente saudades de todos que deixou e quer mandar notícias, dizer que está bem, que está se recuperando. Quer consolar aqueles que sofrem, acalmá-los dizendo que a vida prossegue. Ele, então, tem autorização dos espíritos que o acolheram para ir até onde está sua família. No entanto, lá chegando, ele começa a perceber que não consegue entrar em contato com seus familiares. Alguns, com maior sensibilidade, até lembram-se dele à sua aproximação, mas não atinam que sua presença é real. Ele fica angustiado. Vê uns e outros sofrendo, chorando, e quer manifestar-se, mas não pode, não consegue. Ninguém em sua família tem o atributo da mediunidade desenvolvido. A mediunidade está lá, em todos eles, mas em estágio embrionário.
Ele precisará de um meio, como se fosse um aparelho telefônico, que ele possa utilizar para entrar em contato com aqueles que ama. É quando entra em cena o médium, aquele que consegue captar os pensamentos e sentimentos dos espíritos, e consegue transmiti-lo aos demais, no plano físico.
Mas afinal, qual é a utilidade da mediunidade?
A principal finalidade da mediunidade é servir de instrumento para o progresso humano, começando pelo próprio médium (que deve ser o primeiro a se beneficiar da comunicação) e depois as demais pessoas que recebem a mensagem. Quantas pessoas já foram consoladas pelas cartas mediúnicas de parentes que estão no plano espiritual e enviam notícias? São inúmeras as histórias. Neste sentido, como em tantos outros, Chico Xavier foi um grande servidor. Recebia centenas de mensagens todos os meses, levando conforto, esperança e fé aos corações entristecidos e amargurados pela perda momentânea de pessoas amadas.
Quantas lágrimas de tristeza se transformaram em lágrimas de alegria? Não sabemos.
Além do conforto, receber mensagens do plano espiritual nos fortalece a fé. Vamos tendo a certeza de que a vida realmente continua, prossegue. O mundo material em que vivemos não é o único. Existe mais, muito mais. Tudo aquilo que cultivamos aqui, tem impacto em nosso estado espiritual ao voltarmos para aquele lar de onde nossa alma partiu antes de ocupar esse corpo.
E há ainda outra questão importante: compreender a mediunidade, nos ajuda a manter nossa sanidade. Afinal, quantos médiuns, pessoas que apresentam essa capacidade de entrar em contato com o mundo invisível aos olhos comuns, mas tão real aos olhos dos médiuns, é ou já foi considerada louca? Quantas pessoas já foram parar em hospitais psiquiátricos, por serem médiuns e desconhecerem esse fato? Há inúmeros casos.
A mediunidade de Chico Xavier
Falando uma vez mais sobre Chico Xavier e suas múltiplas capacidades mediúnicas, certa vez ele estava em São Paulo em companhia de um amigo. Estavam no centro de São Paulo, tarde da noite jantando em uma lanchonete. O lugar estava vazio, mas ao se levantar e andar pelo corredor, Chico foi pedindo licença aqui e ali. Ao chegar do lado de fora, o amigo indagou-lhe:
– Chico, para quem você tanto pedia licença? O lugar estava vazio…
– Mas estava lotado de espíritos. – Ele fez uma pausa, sorriu, depois continuou:
– Você entende por que não posso dirigir? Acabaria por desviar de um espírito e atropelar alguém encarnado…
Chico Xavier via os espíritos como se fossem pessoas encarnadas. Muitas vezes, até mesmo podia confundi-las.
Se você sente ou vê os espíritos ao seu redor, se pode captar os pensamentos deles, se você sonha e recebe orientações ou avisos, se você consegue prever situações que ainda irão acontecer, não se assuste. Isso é mediunidade e ela está em você para ajudá-lo a progredir e para que você igualmente ajude outros a se desenvolver espiritualmente. Embora ainda estejamos começando a desvendar os mecanismos de funcionamento da mediunidade, ela é muito mais comum do que possamos imaginar. Portanto, fique tranquilo. Você está sendo convidado a subir o próximo degrau do crescimento espiritual.
Você pode encontrar muitas informações sobre a mediunidade e seus mecanismos nos livros abaixo:
– O livro dos espíritos – Allan Kardec
– O livro dos médiuns – Allan Karcec
– Os Mensageiros – André Luiz (espírito)
– Devassando o invisível – Ivone Pereira