Quando tentamos compreender o significado dos termos “encarnação” e “reencarnação”, logo concluímos que encarnar é entrar em corpo carnal e reencarnar é retornar à vida em outro corpo, sucessivas vezes, o que para a Igreja Católica significa a ressurreição dos corpos no dia do juízo final.
Em síntese popular, acredita-se que a encarnação é o ato de entrar pela primeira vez na carne e, reencarnação, a ação de reentrar novamente – a partir da segunda.
Para o Espiritismo, que pode ser considerada a Doutrina da Reencarnação, esses termos possuem sutilezas conceituais. E para Kardec, que criou uma escala espírita para compreendermos melhor tais diferenciações, os espíritos imperfeitos – que somos nós em grande maioria – necessariamente estão submetidos às provas e às expiações. Espíritos bons estão submetidos somente às provas e, espíritos puros, nem às provas, nem às expiações.
Portanto, para nós que somos espíritos imperfeitos, reencarnar é entrar de novo na carne por meio das provas e das expiações. É aí que se encontram as diferenças entre o senso comum do termo e a consideração espírita sobre ele.
Considera-se assim a conceituação espírita de Allan Kardec:
– Espíritos imperfeitos reencarnam (estão submetidos às provas e às expiações). A matéria predomina sobre o espírito. Sofrem as boas e as más paixões;
– Espíritos bons também reencarnam (estão submetidos apenas às provas). Sofrem a influência da matéria, mas predominam sobre ela. Sofrem apenas as boas paixões;
– Espíritos puros não reencarnam, só encarnam (não mais estão submetidos às provas, nem às expiações). Não sofrem a influência da matéria. Nunca sofrem paixões.
Um bom exemplo dessas diferenciações é pensarmos que quando Jesus voltou à Terra ele encarnou e não reencarnou, pois encontrava-se na condição de espírito puro em seu inesquecível retorno. E se retornasse nos dias de hoje, ainda como espírito puro, novamente encarnaria.
Jesus, do ponto de vista corporal, teve um corpo como o nosso quando encarnado. Do ponto de vista espiritual, é considerado espírito puro que não sofre de paixões humanas. A paixão de Cristo, na visão espírita, não existe, já que Jesus nunca teve paixões, não ficou triste, nem com raiva, muito menos aborrecido, nervoso ou mesmo amargurado.
Aproveite e aprenda como o mundo foi preparado para receber Jesus.
Sendo assim, ao diferenciarmos esses termos pela ótica espírita, observamos que não há contradições conceituais nas obras espíritas organizadas por Allan Kardec. Quando ele disse em A Gênese, por exemplo, que Jesus encarnou, deixa claro que Espíritos Puros, como é o caso do nosso Mestre Maior, já percorreram todos os graus da escala evolutiva e não estão mais sujeitos à reencarnação.
As provas e as expiações
São conceitos amplamente questionados nos dias de hoje e que costumam confundir muito. Em seu tempo, Allan Kardec foi muito claro em suas explicações, dizendo que uma expiação nunca é imposta ou mesmo involuntária, já que ela pode ser naturalmente escolhida pelos espíritos reencarnantes.
Pela conceituação espírita, toda expiação é prova, um subconjunto das provas. Porém, nem toda prova é expiação, pois há sofrimentos e provas escolhidas pelos espíritos que não têm relação direta com o seu passado delituoso.
Para Kardec, o que caracteriza a expiação é a sua vinculação com um grande erro praticado em vidas passadas, que não deixa de ser uma experiência de prova vinculada a uma consequência grave ocorrida no pretérito.
Em síntese: no ato da preparação de nossa reencarnação na Terra, podemos escolher, com o auxílio dos instrutores espirituais, expiar determinado erro cometido em vida anterior. Simples assim.
Erros muito comuns
Quando estamos mergulhados em um mundo de provas e expiações, como ainda se encontra o nosso, e vemos uma pessoa em eterno sofrimento num mar de dores infindáveis, logo dizemos que fulano está em dura expiação.
Nem sempre! É o caso de muitos espíritos encarnados que, desde o nascimento, são portadores de doenças graves. No entanto, esses não estão necessariamente em expiação, podem ser provas por eles escolhidas para adquirir determinado conhecimento necessário à sua evolução.
Lembramos: todo cuidado é pouco para não julgarmos os nossos irmãos em extrema dificuldade física, material, social ou mesmo moral, apontando nós, inconsequentemente, suas condições como expiação, o que pode ser ou não ser.
Afinal, qual a finalidade de nossa reencarnação?
Para o competente Richard Simonetti, é a de “promover a nossa evolução”. Diz o dedicado escritor espírita que “no estágio primário de evolução em que nos encontramos, necessitamos das limitações impostas pela carne, que agitam nossa alma ao mesmo tempo em que nos habituam às disciplinas do trabalho”.