Vamos discutir a relação! Afinal o que dizem os homens? E o que dizem os espíritos?
Os bastidores das relações humanas sempre me encantaram. Sempre me interessei por psicologia, sociologia, antropologia, filosofia, bem como pelos ambientes, influências culturais, causas e mecanismos que nos fazem ser quem somos, e expressar ou não o que somos. Quanto mais me aprofundava no assunto mais queria saber. Afinal, quanto mais avançava mais me descobria, mais me conhecia e mais dúvidas e incertezas surgiam. Quando as questões espirituais vieram rechear minhas reflexões, já na minha adolescência, foi como se tudo fizesse sentido. Descortinava-se um novo universo de entendimento.
Atualmente como editor de livros espíritas a frente da Vivaluz Editora, experimento um contato abrangente com histórias e casos que me ensinam pouco a pouco a respeito daquilo que rege o relacionamento. Tanto nos livros, quanto no contato com os leitores, muito se compartilha, muito se aprende. Testemunhamos os protagonistas das histórias, e quase que como se fossem parábolas, nos reconhecemos em cada uma delas. Uma experiência intensa. Ah, os livros! Uma hora destas escrevo a respeito desta paixão. O fato é que aos poucos vamos adquirindo uma compreensão maior sobre o tema e na convivência com a espiritualidade superior, vamos percebendo como são tratados os casos sob uma óptica mais evoluída.
Em virtude da importância do assunto e pelo meu entusiasmo natural a este respeito, sinto que abrir um espaço para – como se diz – discutir a relação, nunca é demais. Tendo em vista o dia dos namorados que se aproxima, considerando este ano em especial, em que começamos a sair de um período em que muitas vidas passaram por transformações significativas, me vi compelido a iniciar uma série de posts ligados ao tema. Em tempos de crise os relacionamentos se tornam ainda mais desafiadores, contudo, também podem se mostrar mais ricos, verdadeiras fontes de amor, esta preciosa essência divina que nos permite encontrar paz, conforto, consolo, apoio, esclarecimento, confiança e fé para buscarmos a felicidade possível deste mundo. O espiritismo oferece esclarecimentos preciosos neste sentido.
Viver é fácil, o difícil é conviver
Bem, então vamos ver se encontramos as pontas deste verdadeiro nó que nos amarra uns aos outros. Os relacionamentos sempre representaram um desafio à parte na saga da humanidade. Não por acaso Chico Xavier nos dizia que viver é fácil, o difícil é conviver. E quando paramos para pensar, percebemos que em nossa vida não é diferente: são familiares, vizinhos, colegas de trabalho, amigos, filhos e por fim aquela pessoa especial, o amor da nossa vida. Todos têm influência e são influenciados por nós. Na memória dos piores e melhores momentos de nossas vidas as pessoas têm papel central, ou seja, os relacionamentos ocupam um lugar em nosso coração, que as coisas não conseguem. Em recente pesquisa realizada com indivíduos nascidos nos anos 80 e 90 questionou-se o que as pessoas tinham como principais objetivos de vida. Dos entrevistados, mais de 80% afirmaram que seu maior objetivo era enriquecer, e destes, cerca de 50% disseram que gostariam de ficar famosos. Parece que aceitamos com passiva naturalidade que a vida não passa de trabalho e dinheiro para que tenhamos condições de alcançar a tão desejada felicidade. Uma coisa é certa: a felicidade depende diretamente das escolhas que fazemos.
Contra fatos não há argumentos
O psiquiatra Robert Waldinger, diretor do Estudo sobre Desenvolvimento Adulto de Harvard, divulgou resultados de um dos estudos mais completos sobre a vida adulta já realizados. Foram gerações de pesquisadores conduzindo o projeto. A pesquisa teve início em 1938 e acompanhou a vida de 724 homens durante 75 anos, realizando questionários a cada dois anos sobre suas vidas, que incluíam a qualidade de seus casamentos, satisfação no trabalho, atividades sociais e saúde. O grupo estudado, dos quais 60% ainda se encontram vivos, foi basicamente dividido em dois: o primeiro de favorecidos com formação acadêmica em Harvard, e um segundo formado por desfavorecidos das periferias de Boston.
Para surpresa de todos – talvez nem todos –, as conclusões fundamentais não tratam de dinheiro, de fama ou sucesso. A síntese das conclusões afirma simplesmente: são os relacionamentos que nos mantém felizes e saudáveis, e ponto final. Pessoas que se sentiam mais próximas de suas famílias, amigos ou comunidade reportavam maiores índices de felicidade do que as mais solitárias. Mas, para ser feliz de verdade, o importante é a qualidade destes relacionamentos. O estudo indica, por exemplo, que pessoas em relacionamentos negativos tendem a ser mais infelizes do que pessoas que vivem sozinhas. Por sua vez aqueles que possuem relações boas e íntimas, passam muito bem, enquanto aqueles que se sentem mais sozinhos do que gostariam, perdem em felicidade e saúde.
O que nos faz refletir sobre os modelos de relacionamento que estamos cultivando em sociedade neste momento. Estar só em meio a uma multidão, sentir-se só em família ou mesmo em um relacionamento, parece demasiadamente frequente. O estudo aponta que pessoas que se sentiam satisfeitas em suas relações aos 50 anos, foram aquelas mesmas que chegaram aos 80 anos mais felizes. Quase um antídoto contra o envelhecimento. Estas pessoas afirmaram que em seus dias de maior dor, a sua disposição continuava feliz. Uma terceira conclusão revela que por mais que se discuta dia sim, dia não, quando as pessoas sentem que podem contar umas com as outras, as discussões não se fixam na memória, e sua capacidade de memória se mantém protegida até as idades mais avançadas, evitando a degeneração precoce. No final foram aqueles que investiram nas relações, por mais difíceis e conturbadas que possam ter sido, que conseguiram atingir o maior nível de felicidade. E termina a apresentação, dizendo: a vida boa se constrói com boas relações.
Quanto vale um relacionamento? Que tal o valor da nossa felicidade?
É isto aí! Na próxima semana um novo post abrirá reflexão sobre importantes aspectos que definem o êxito de nossos relacionamentos. Se curtiu é só espalhar. Fique a vontade para comentar e contribuir com suas experiências. Afinal, estamos começando mais um relacionamento. Que seja daqueles que trazem felicidade. Muitas coisas boas, paz em Jesus e até mais.
Alexandre Marques- Sócio fundador da Vivaluz Editora, atuando há 16 anos como editor e gerente geral neste projeto que se dedica a levar o espiritismo através da difusão de conteúdos que contribuam com a transformação do ser para o bem. Entusiasta das ideias e da capacidade humana de se reinventar atua ainda como consultor, palestrante espírita e músico. Tem formação predominante em Comunicação. Em um relacionamento há mais de 25 anos, tem uma filha de 12 anos.
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