Quando o amigo espiritual Lucius nos convidou a escrever o livro Salomé, disse que desejava fazer desse romance uma homenagem às mulheres, pelo imenso carinho que ele tem por todas nós. O desejo dele é encorajar a mim e a você na busca por plenitude de vida.
Confesso que no primeiro momento fiquei surpresa e logo em seguida, assustada. Nunca tinha parado para pensar em profundidade no que era ser mulher hoje e no que as mulheres enfrentaram ao longo dos tempos; nas conquistas alcançadas com muita luta e o que ainda nos falta. Esse querido amigo me fez mergulhar em minha história. A princípio, foi uma longa e dolorosa viagem. Mas, ao final, olhar para a mulher e o feminino em seu processo histórico, me fez muito bem. Pude entender questões que me afligiam e bloqueavam minha vida, sem que me desse conta. E pude, então, enxergar melhor a minha realidade interior e libertar-me de correntes culturais e crenças que estavam me limitando. Agora, consciente dessas questões culturais que ainda são impostas às mulheres, me esforço para não perpetuá-las com minha filha, minhas sobrinhas e os pré-adolescentes com quem trabalho.
Deus é pai?
Um dos grandes aprendizados que tive durante este percurso foi enxergar que minhas próprias crenças a respeito de Deus estavam permeadas por uma visão equivocada
No Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, lemos o que é Deus: a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. Deus é o ponto de partida de tudo, portanto, as energias masculinas provem dele do mesmo modo que as energias femininas. Isso é óbvio!
Mesmo assim, o conceito de um Deus humanizado, com características masculinas é muito forte em nossa sociedade. Afinal, “Deus é pai”, repetimos a todo o momento. Descobri neste grande aprendizado que Deus é mais mãe do que pai. Afinal, Ele é poder e força, mas também é carinho, ternura, aconchego, acolhimento e delicadeza. Vemos sua suavidade e ternura em toda a natureza. Passei, então, a amar ainda mais ao Ser Supremo, que me compreende e ama, nada tendo a ver com os preconceitos contra a mulher arraigados na humanidade. Experimente pensar em Deus como uma grande mãe. Não é meio estranho? Por que será?
Anália Franco, uma mulher extraordinária
Muitas mulheres ao longo dos tempos compreenderem bem cedo o seu valor e não deixaram que crenças limitantes de uma sociedade calcada em valores masculinos as impedissem de realizar todo o seu potencial. E por acreditarem em si, realizaram o que parecia aos olhos da maioria, o impossível.
Uma dessas mulheres foi Anália Franco, sem dúvida, uma mulher extraordinária. Nascida em fevereiro de 1856, Anália Franco Bastos foi professora, jornalista, poetisa e criadora de diversas instituições de auxílio à mulher e à criança.
Abraçou a filosofia espírita logo que a conheceu. Suas realizações são surpreendentes: fundou 71 escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 banda musical feminina, 1 orquestra, 1 grupo de teatro, 1 oficina de produção de chapéus e flores artificiais. Tudo isso em tempos onde não havia celular, computador ou meios rápidos de locomoção. Preparava-se para fundar mais um instituto no Rio de Janeiro quando desencarnou, vítima de gripe espanhola. Entretanto, nem a morte parou essa grande e generosa alma. Ela continua trabalhando pelos interesses femininos e pelo bem da humanidade no mundo espiritual.
Anália Franco acreditava que a mulher poderia e deveria ser livre e bem-sucedida. Idealizou e realizou instituições e projetos para oferecer ferramentas de educação e apoio, que contribuíssem para que as mulheres recuperassem a fé em si mesmas e tivessem uma vida plena e fortalecida.
Em nossos dias, especialmente no mundo ocidental, as mulheres têm mais recursos a sua disposição para superar as limitações que teimam em continuar obstruindo o caminho do feminino, impedindo que as mulheres ocupem seu espaço na Terra.
E você, está livre?
Constatei que grande parte das mulheres, mesmo as que parecem livres, ainda estão aprisionadas em velhas crenças e perdidas sem valorizar a própria essência feminina. São muitos anos de preconceito e no inconsciente coletivo ficam as marcas de antigos conceitos. Infelizmente, demoramos a jogar fora o que não serve mais e que ainda continua sendo transmitido de geração em geração.
Para conquistar uma vida plena e realizar todo o potencial que traz em si, as mulheres precisam deixar para trás o passado, o sofrimento, as marcas dos preconceitos e abraçar uma nova forma de enxergar o mundo. Descobrir sua riqueza interior e saber que ser mulher não é aceitar valores ultrapassados, mas acreditar que uma vida de igualdade, respeito, amor e realizações é possível para todas nós, independentemente da idade, cor, raça, condição financeira ou crença religiosa.
Bônus: Conheça o livro em que Anália Franco é uma das personagens
Renascemos com um propósito. Estamos aqui na Terra porque Jesus acredita em nós e idealizou uma encarnação para que pudéssemos ser vitoriosas. O mundo precisa de mulheres que façam a diferença. Nos ensinos de Jesus, melhor compreendidos através dos princípios espíritas, encontramos inspiração e o fortalecimento da fé que nos ajuda a desvendar o que há de melhor em nós e a expressá-lo com sabedoria, amor e êxito.
Não haverá um mundo equilibrado enquanto não houver verdadeira igualdade entre os gêneros. Um dia, homens e mulheres em harmonia refletirão na Terra toda a grandeza do Criador. E a vida será mais plena, suave e feliz.
E você, está livre para realizar tudo aquilo o que Deus planejou para sua vida ou continua acorrentada às velhas crenças limitadoras?